Certo dia, ao requisitar os serviços de
um Funileiro, tive a oportunidade de refletir sobre uma frase, dita por ele.
Após pedir-lhe que fosse à minha casa fazer um conserto na calha da cobertura
(telhado), conversamos um pouco.
Ele me disse que não poderia fazer o
serviço, pois estava passando por dificuldades de saúde, e aquele fora um dia
difícil para ele, havia ido ao Médico, pois estava com problemas de pressão
arterial e era diabético.
Porém, apesar de estar com a aparência
abatida e o semblante um pouco caído, notei ainda uma certa tristeza em seu
olhar; no intuito de motivá-lo e saber o porquê daquela tristeza, perguntei-lhe
se estava preocupado com alguma coisa, se tinha alguma preocupação. Ele baixou
os olhos, fez um gesto desolado com a boca e, a seguir, disse-me: vem cá, vou
te mostrar uma coisa. Ele tomou a frente e eu o segui. O primeiro cômodo da
casa que nós entramos foi na cozinha. Sua esposa estava à mesa, sentada,
tomando café. Com um breve sorriso me acenou, dizendo “boa tarde”, continuei
seguindo aquele homem e então entramos num quarto que na verdade era um
prolongamento da cozinha, tipo quarto e cozinha conjugados. Deparei-me então, com uma cena muito triste,
comovente a qualquer alma vivente.
Pude então entender por que aquele
homem estava triste e abatido.
Em cima de uma cama de ferro, dessas do
tipo hospitalar, repousava imóvel um rapaz jovem, corpulento, com o corpo
seminu, com fraldas, olhar perdido e fixo no teto, com uma sonda no nariz, uma
bolsa externa cheia de fezes, na região do intestino; só então percebi a dor
daquele homem.
Ele então, disse-me, apontando para o
rapaz, imóvel em cima daquela cama: este é o meu filho, tem 22 anos. Fiquei sem
palavras, apenas apertei meus lábios e acenei para cima e para baixo com a
cabeça. Não permanecemos ali por muito tempo e então saímos dali. Aquele senhor
me acompanhou até o portão da frente da casa. Pareceu-me que ele queria
manifestar algo, uma reflexão sobre a vida. Então ele começou a falar sobre o
passado, os tempos de outrora, falando que antigamente as pessoas conversavam
mais, riam mais, preocupavam-se menos, parecia que as pessoas eram mais
simples, que a vida era mais desatarefada e nos tempos de hoje, dizia ele, não
é mais assim. Então, balançando a cabeça para a esquerda e para a direita, um
pouco confuso, ele disse: - tudo passa!
Acabamos ali a nossa conversa e fui
embora. Porém, aquela manifestação final dele “tudo passa!” continuou na minha
mente. Aí, comecei eu também a lembrar fatos do passado.
Do alto dos meus 48 anos, olhei para
trás e apesar de considerar-me um indivíduo jovem, me senti envelhecido.
Lembrei de tantas coisas do passado, de muitos anos atrás que, naquele momento,
me traziam saudades. De fato, aquela manifestação mexeu comigo, com minhas
reminiscências.
Comecei a lembrar dos tempos de escola,
quando eu cursava o “primário” (ensino fundamental). Na minha cabeça passou um
filme que ia da primeira à quinta série. De repente, me vi nadando no rio
Vacacaí. Lembrei que, no final daquele ano, eu cursava a última série do ensino
primário. Todos os meus colegas (meninos), no último dia de aula, saíram
correndo da Escola e se dirigiram ao rio Vacacaí (que fica próximo à Escola
Margarida Lopes).
Lá chegando, o rio transbordava, pois
havia chovido muito ultimamente, a molecada à medida que ia chegando próximo ao
rio, ia se pelando, tirando toda a roupa e se jogavam dentro do rio, uns de
bico, outros de pé, uns de prancha (de barriga), numa gritaria intensa, todos
alegres e também nus, pois não podiam chegar em casa com a roupa molhada, para
não levar bronca dos pais.
Também naquele tempo, quase todas as
tardinhas, jogávamos peladas de futebol em um pequeno campo perto de minha
casa. Muitas vezes minha mãe dava falta de mim em casa e vinha direto ao campo
me buscar com uma vara de alecrim nas mãos. Ela não gostava que eu jogasse
futebol com a molecada. Pior era quando eu me lesionava jogando futebol; ao chegar em casa lesionado,
ao invés de receber socorro, minha mãe
me surrava com uma vara, pois segundo ela “era prá mim aprender a não
jogar mais bola com aquela molecada”. Ela dizia que aquele “jogo de bola”
servia só prá eu me machucar.
Na verdade, eu nem me importava com
isso, para mim tudo era emoção, tudo era diversão, tanto o futebol quanto o
fato de apanhar. Já estava acostumado com os dois.
Hoje é diferente, cresci, sou adulto.
Hoje me preocupo e vejo as pessoas preocupadas, falando em aquecimento global,
crise econômica, doenças, guerras, violência, e tantas outras coisas da
modernidade. Ao mesmo tempo em que tenho uma preocupação natural, própria do
ser humano, também tenho convicções, pois hoje eu tenho a minha vida pautada no
Evangelho, nas sagradas Escrituras. Não procuro impor às pessoas as minhas
idéias, valores, minhas crenças, mas procuro expô-las, procurando mostrar a
verdade e o caminho verdadeiro que escolhi e que, sendo bom para mim, procuro
compartilhá-lo com os outros. Vivemos num tempo em que devemos fazer escolhas
enquanto há tempo. Acredito fielmente que estamos vivendo no tempo do fim. E
não acredito nisso baseado no arsenal nuclear armazenado e pronto para disparar
a qualquer momento pelos países que
detém armas nucleares com fins belicosos. Acredito sim, no final dos tempos.
Por quê tem se intensificado cada vez mais as tempestades, por quê temos visto
cada vez mais a natureza em fúria, por qual motivo o homem vem agredindo e
destruindo cada vez mais ecossistemas inteiros. E a revolução industrial, que
trouxe crescimento e progresso ao mundo, mas fez o homem regredir humanamente.
Por quê, em meio à todo esse progresso, tantas pessoas morrem de Câncer,
Enfizema, doenças novas que surgem cada vez mais e mais agressivas? Por quê
fazemos parte da geração do veneno, somos obrigados a comer alimentos tratados
à base de veneno, com alimentos tratados com pesticidas e fungicidas usados de
maneira indiscriminada, muitas vezes sem fiscalização?
Também é preocupante ver pessoas com medo de tomar
sol, porque existe um buraco na camada de ozônio, que cada vez aumenta mais. E
a multidão de jovens que anualmente se formam em uma Faculdade; após anos de
lutas, ao se formarem, não têm na maioria das vezes, nenhuma garantia de
emprego. A única garantia que eles têm é que terão que lutar mais ainda, se
quiserem absorver uma vaga no concorrido e cada vez mais apertado mercado de
trabalho.
Outro dia, estava lendo sobre milhares e milhares de
pessoas entre elas crianças, que morrem de fome diariamente no mundo e os seus
apelos não são ouvidos. Nem pelos políticos que ganham polpudos salários e
muita mordomia, nem por muitos Chefes de Nações, os quais estão constantemente
envolvidos com viagens em confortáveis aviões. Inclui-se na lista dos que não
ouvem o grito de desespero dos sufocados pela fome, as grandes Empresas que têm
lucros cada vez maiores. Quem ouvirá os gritos?
Quando eu era criança, gostava de pescar nos fins de
semana. Hoje vejo incontáveis peixes morrendo contaminados pela poluição dos
rios, causada pelo homem. É duro ter conhecimento que até os peixes têm morrido
de Câncer.
Todos os dias, animais e plantas estão entrando em
vias de extinção, devido à ação gananciosa e destruidora do homem. Incontáveis
animais estão morrendo em todo o planeta, porque não têm como se defender ou
para onde ir. Florestas inteiras são queimadas ou cortadas, por amor ao
dinheiro, tudo em nome da riqueza. O homem tem feito esforços ineficazes no
sentido de reverter esse quadro.
A verdade é que o homem tem se mostrado incapaz de
repor a camada de ozônio, incapaz de recuperar as florestas, não sabe como salvará
os peixes das águas que polui em escala crescente, tampouco pode ressuscitar animais extintos. Na era da
Informática, da tecnologia de ponta, da internet e tantos outros avanços
tecnológicos, poderá o homem encontrar soluções para tanta miséria e tanta
destruição?
Creio que é necessário que haja compreensão que não
somos os senhores de tudo, não temos poder sobre todas as coisas e que o início
da solução dos problemas deste mundo começa dentro de nós mesmos. Se cada um
fizer a sua parte, teremos um mundo melhor. O ser humano tem que passar por uma
transformação interior. Deixar a ganância de lado e preocupar-se mais com o seu
semelhante, já é um começo. Queremos um mundo melhor, para todos os povos, sem guerras, sem violência, sem poluição, sem
agressão ao meio ambiente. Creia que isso é possível, a solução está dentro de nós,
que cada um faça a sua parte!
Autor: Adilson Luis Machado
Autor: Adilson Luis Machado
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