Pastora assume ser gay e quer continuar liderando igreja
por Jarbas Aragão
A Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos vive um empasse em relação ao casamento gay que poderá dividir a denominação. Um dos “estopins” do debate foi a suspensão e posterior expulsão do pastor metodista Frank Schaefer por ter casado seu próprio filho com outro homem em uma cerimônia religiosa.
No início de 2016, a pastora Cynthia Meyer lançou a campanha “Está na hora” na igreja em Edgerton, no Kansas. Ela chocou a congregação ao admitir ser gay durante seu sermão no púlpito da igreja que lidera.
“Escolhi servir nessa condição [pastora] com plena autenticidade… Eu sou uma mulher de Deus partilhando minha vida com outra mulher que segue a Jesus. Nós, assim como vocês, fomos criadas à imagem de Deus. Jesus me ama, sei disso. Estou levantando a minha voz”.
Acrescentou ainda: “Em meio a muita oração, Mary e eu finalmente entendemos que o Espírito Santo havia nos unido. Nosso relacionamento é uma parte sagrada do chamado de Deus para nossas vidas”
Meyer, 53 anos, foi ordenada há 25 anos. Para sua congregação ela era solteira, mas afirma que não foi surpresa para muitos deles. Conta que vivia feliz e solteira até 5 anos atrás, quando se apaixonou por outra mulher. Ela hoje faz parte de um grupo dentro da igreja metodista que trabalha pela inclusão de pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de gênero na vida da igreja.
A pastora de Kansas se diz inspirada pela postura do pastor Frank Schaefer, que lutou até ser reintegrado aos quadros da Igreja Metodista. Meyer sabe que pode ser desligada de sua congregação, mas decidiu arriscar sua carreira para, “manter minha fé na igreja, desafiando-a a manter sua fé no evangelho”.
Acredita que foi Deus quem a levou a dar esse passo. Justifica que a maioria dos 200 membros de sua igreja a apoia. Em uma carta aberta, um grupo de metodistas conservadores pede que ela seja desligada da igreja.
“Não podemos simplesmente abandonar os ensinamentos da Bíblia sobre a prática da homossexualidade e união de pessoas do mesmo sexo. A proposta [da pastora] faria com que nós, que acreditamos que as relações homossexuais são pecaminosas, tivéssemos de negar nossas consciências. Esta nova política [da igreja] simplesmente pede que façamos algo que não podemos”. A pastora disse que lutará para não perder sua igreja.
O assunto deve ser tratado na conferência anual da igreja deste ano, que debaterá a necessidade de uma postura mais clara da denominação sobre o casamento gay. Para analistas, o encontro pode marcar um “racha” na igreja metodista similar ao que aconteceu na presbiteriana e na anglicana por conta do mesmo assunto. Com informações Christian Times e UMC
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