“Todo cristão verdadeiro é comunista”, afirma teólogo católico
por Jarbas Aragão
A trajetória de Carlos Alberto Libânio Christo, mais conhecido com Frei Betto, na Igreja Católica é errática. Mais ligado a movimentos sociais que ao trabalho pastoral, o dominicano se define como um “teólogo da libertação”. Escritor profícuo, com mais de 60 obras publicadas, sempre teve proximidade com movimentos de esquerda. A defesa dessas ideias fica evidentes em seus livros.
Preso duas vezes durante o regime militar, sempre dedicou-se a causa sociais de viés marxista. Assessorou vários governos socialistas, em especial Cuba, nas relações Igreja Católica-Estado. Em entrevista recente, misturou suas convicções ideológicas com os estudos teológicos e defendeu a antiga tese de que Jesus foi simplesmente um líder político.
“Todo cristão é discípulo de um prisioneiro político: Jesus de Nazaré”, disparou. Aos 70 anos de idade, continua acreditando que “todo verdadeiro cristão é um comunista sem o saber” e que “todo verdadeiro comunista é um cristão sem o crer”.
Em entrevista ao Brasil 247, ele ignora os preceitos ateísta de todos os expoentes do ideal socialista e assegura: “Sou socialista em decorrência de minha fé cristã”. Justifica ainda que isso é normal na ordem religioso a que pertence. “Os dominicanos brasileiros são filhos de dominicanos franceses e italianos que lutaram junto com os comunistas durante a Segunda Guerra”, resume.
O argumento não é novo, mas vez por outra volta a ser usado de modo especial nas redes sociais. Por ocasião do embate entre os candidatos a prefeito no Rio de Janeiro, a questão da fé cristã e seus possíveis paralelos com o socialismo voltou a ser um tema atual. Até o ex-presidente Lula, em toda defesa mais aguerrida lança mão da comparação com Jesus Cristo.
Porém, as afirmações de Frei Betto não passaram despercebidas pelo pastor Artur Eduardo, da Igreja Evangélica Aliança de Recife. Pós graduado em Teologia Bíblica e Doutorando em Filosofia, ele acredita que o discurso de Frei Betto é “incoerência” e carece de uma base sólida.
“Esse tipo de declaração é incoerente pois dissocia o comunismo de quem o idealizou. Para Karl Marx (1818-1883), o cristianismo era uma das principais “ferramentas” da burguesia, que contrariava tudo aquilo que ele defendeu ao longo de sua vida. Quando disse que a religião é o ópio do povo criou uma ligação inegável entre socialismo e ateísmo”, assevera.
Para o pastor, se o que Frei Betto diz tivesse um mínimo de sentido, milhões de cristãos não teriam sido mortos por regimes marxistas. “O que esse teólogo católico tenta promover é uma ligação irreconciliável entre pensamentos antagônicos, pois reduz Jesus Cristo a um líder político, desprezando o aspecto mais importante: sua divindade”, assevera Artur.
Em sua opinião, esse tipo de comparação é perigosa. “Os cristãos devem ficar atentos às bobagens, heresias e distorções ditas por ideólogos que se dizem cristãos, mas cujo único propósito é disseminar suas convicções políticas. Eles não defendem o cristianismo verdadeiro, pois tentam fazer de Jesus o que ele nunca foi. O centro do Evangelho é a chegada do Reino, não um regime humano”.
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