Lideranças evangélicas pedem que Brasil mude postura em relação a Israel
Deputado Lucena pediu ao MRE “mais equilíbrio” em votações nas Nações Unidas
O deputado federal Roberto de Lucena (PV/SP) articulou mais um encontro de lideranças evangélicas nacionais com o Ministério das Relações Exteriores para debater a postura do governo brasileiro em relação a Israel.
Nas últimas votações ocorridas em vários âmbitos nas Nações Unidas, a opção do Brasil foi contrária, apoiando resoluções que condenam o Estado judeu e negam seu vínculo histórico e religioso com lugares santos, incluindo a capital Jerusalém.
O novo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, recebeu, além do deputado Lucena, pastores evangélicos e membros do Conselho Apostólico Brasileiro (CAB), incluindo os apóstolos Paulo de Tarso Fernandes, Francisco Maia Nicolau, Joaquim José da Silva Jr., Paulo Tércio, Leoníldio Oliveira e Marcus Arrais, além das apóstolas Neuza Itioka e Valnice Milhomens.
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Eles expressaram sua preocupação com a política externa do país, que ao longo da história sempre teve em Israel uma nação amiga. Por isso, o grupo solicitou a Aloysio Nunes que o Brasil busque “mais equilíbrio e imparcialidade” nas votações. A 201ª Sessão Deliberativa do Comitê Executivo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), será realizada nos dias 26 e 27 de abril.
Na última sessão, realizada em outubro de 2016, o Brasil acabou acompanhando os países islâmicos e aprovou uma resolução que negava a ligação histórica do Monte do Templo com Israel e considera Jerusalém como “território ocupado”. Apesar de ter reclamado que o texto era “parcial e desequilibrado”, a chancelaria ficou do lado da maioria.
O discurso oficial do governo Temer tem enfatizado que o Brasil defende a busca da paz entra israelenses e palestinos, algo que só seria alcançado com a chamada “solução dos dois estados”. Contudo, para isso seria necessário dividir Jerusalém em duas, entregando a porção Oriental para a Autoridade Palestina.
Roberto de Lucena, que além de parlamentar é pastor evangélico, enfatizou que “a maioria da população brasileira é cristã e os cristãos tem Israel como sua segunda Pátria”.
Ele explicou a iniciativa de procurar Aloysio Nunes, a exemplo do que foi feito com seu antecessor, José Serra: “Viemos trazer ao nosso chanceler e à diplomacia brasileira o apoio de parcela significativa do povo evangélico que se sente representado por essas lideranças. Sabemos do esforço do Brasil para que o texto das resoluções da Unesco sofressem importantes evoluções, no sentido de ser mais justo, equilibrado e imparcial. Ainda não é o texto ideal. Nossa expectativa é de que a Próxima Sessão [201] avance ainda mais nessa direção.
O apóstolo Paulo de Tarso Fernandes expôs ao ministro: “Desde que palavras consagradas no texto bíblico, como a indivisibilidade de Jerusalém, começaram a se cumprir com o advento da nação de Israel em 1948 e a reunificação de Jerusalém em 1967, na Guerra dos 6 dias, houve uma aproximação de cristãos do mundo todo em apoio a Israel. Não deixamos de reconhecer a existência dos árabes e mulçumanos que passaram a morar na região, mas questões históricas têm sido desrespeitadas”.
Em sua avaliação, “Notadamente a ONU tem se posicionado contra Israel, por isso é importante que o governo brasileiro passe a considerar esta importante parcela de nossa população que apoia a nação Judaica”, deixando claro que a maioria dos evangélicos defendem Jerusalém como a capital indivisível de Israel.
Aloysio Nunes afirmou que o Brasil continuará lutando para suprimir os pontos de desequilíbrio. “Nosso esforço é para que as próximas resoluções sejam mais equilibradas e justas. Temos uma posição suprapartidária de mais de 30 anos de busca de paz entre palestinos e israelenses”.
O ministro reconheceu também que o movimento evangélico tem ajudado na construção do posicionamento do Brasil, mas não indicou se haverá uma mudança significativa do voto brasileiro nas comissões da ONU que participa.
Valnice Milhomens Coelho ressaltou que a reunião foi bastante positiva. “Começamos a ser ouvidos e isso é muito importante para os cristãos”, disse. O apóstolo Laudjair Carneiro Guerra compartilha a mesma opinião.
“O ministro tomou conhecimento do carinho e do amor do Brasil por Israel e ouviu nossos argumentos para que o País se posicione a favor dos nossos irmãos”, concluiu.
Lembre o caso
O posicionamento do Brasil durante a 199º Sessão Deliberativa do Conselho Executivo da Unesco, em abril de 2016, ainda sob o Governo do PT, foi frontalmente contrário a Israel. Logo que Temer assumiu, pediu que o voto brasileiro fosse revisto.
Contudo, na 200ª sessão do Conselho Executivo da Unesco, realizada em outubro, houve uma nova postura na condução do tema, que mesmo pedindo a revisão do texto aprovado, ficou contra Israel.
O documento, na prática, negava todos os relatos bíblicos e históricos sobre Jerusalém como capital de Israel. Na documentação da ONU, Jerusalém é considerada “território palestino ocupado” e o monte do Templo é chamado apenas por seu nome em árabe, rejeitando a existência de dois Templos judeus no alto do monte Moriá.
Além disso, o Brasil votou em desfavor de Israel em todos os comitês que participa nas Nações Unidas. Ao total, foram 10 resoluções contra Israel no ano passado. Os Estados Unidos e o Canadá foram os únicos países influentes que não ficaram contra os israelenses em nenhuma das votações.
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